Provocações Ato Rede 2020
2) 2º dia (13/11/2020) – Conhecimentos,
universidade, avaliação:
2.1) Isabel Cafezeiro: Até onde vai o Qualis?
Nessa
proposta de pinga-fogo eu gostaria de elaborar junto com vocês essa percepção
de que o Qualis não é simplesmente um instrumento de “avaliação de periódicos”.
Ele age institucionalizando uma política acadêmica, afetando os cotidianos
docentes e discentes, determinando imposições de formas diferentes nas diversas
áreas e impossibilidades de acesso ao conhecimento por parte da sociedade.
Proponho
descentralizar a discussão do âmbito dos programas de pós-graduação para dar
visibilidade a seus efeitos: ressaltar aquilo que é percebido por discentes,
docentes, e sociedade em seu cotidiano e na produção acadêmico-cultural. Descrever
a amplitude da rede por onde se alastram os efeitos dessa política de
avaliação: isto é necessário para que se possa esperar da comunidade acadêmica
e da sociedade uma atitude crítica e o enfrentamento em defesa da ciência.
Se
os instrumentos de avaliação da CAPES extrapolam o âmbito da pós-graduação
espalhando-se pelo sistema acadêmico como um todo instituindo práticas que
ignoram as multiplicidades acadêmicas e reforçam o primado da pesquisa na
produção de conhecimento sob o viés estipulado pela própria CAPES;
Se
privam a sociedade do acesso ao conhecimento porque privilegiam o inglês que
não é compreendido pela imensa maioria de brasileiros, mesmo na própria
comunidade acadêmica;
Se,
além disso, fortalecem o lucrativo esquema internacional de publicações
científicas ao povoar os estratos mais altos do Qualis com revistas que
asseguram às grandes editoras internacionais, como Elsevier, o alto faturamento
sobre o acesso proprietário ao conhecimento científico;
Ainda
mais, se sufocam as iniciativas de fortalecer a circulação das revistas
científicas que reconhecem a produção local de conhecimento, valorizam e
incentivam a multiplicidade de expressões locais, a diversidade cultural, as
manifestações identitárias e dentre outras demandas;
Diante
de tudo isso, diante dos novos cenários que se aproximam com os novos critérios
da CAPES, quais seriam nossas possibilidades de ação em defesa da nossa
ciência?
2.2) Maria do Socorro (via Marcos
Fialho): Pedagogia do amor X pedagogia da opressão
UFRJ abre sindicância para apurar possível fraude em prova do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza:
Em
tempos de pandemia, as aulas foram para o mundo virtual e as provas também.
Comparar
a instituição universitária a um amálgama entre as instituições religiosas e
militares que copia sua estrutura de poder já foi realizado;
A
provocação vai no sentido de pensar uma outra pedagogia, não baseadas em
Estruturas de Poder e em Vigiar e Punir, mas em uma Pedagogia do Amor.
Em
DEYRA, Michel. Direito Internacional, temos “Todo o prisioneiro tem o direito –
e sem dúvida o dever – de tentar fugir.”;
(p. 112)
Tomando
a metáfora da Universidade como Instituição militar, quem seriam os alunos?
Bem, atacados eles são, desde que
entram até o momento que saem, precisam se defender.
Até o último dia, um “pelotão de
fuzilamento” o atacará e ele precisará se defender, se esquivar, vai tomar umas
de raspão. Tudo isso para poder ter direito ao seu canudo.
Talvez
o episódio da cola nos meios virtuais, que lembra um vírus de computador,
Vigiar e punir. E sempre um passo atrás, uma atitude responsiva. Vigiar e
punir. Talvez o problema esteja nesta pedagogia da opressão, da competição.
Uma
outra pedagogia é necessária, uma pedagogia do compartilhar, do colaborar, do
amor.
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