terça-feira, 10 de novembro de 2020

Provocações 2º Dia

  Provocações Ato Rede 2020

2) 2º dia (13/11/2020) – Conhecimentos, universidade, avaliação:

 2.1) Isabel Cafezeiro: Até onde vai o Qualis?

             A Diretoria de Avaliação da CAPES iniciou em 2018 a revisão dos instrumentos da avaliação da pós-graduação. A configuração desses instrumentos corre no âmbito dos programas de pós-graduação, mas produz efeitos percebidos e sofridos no cotidiano de cada professor universitário, mesmo aos que não atuam diretamente na pós-graduação. Extrapola o âmbito da produção científica brasileira impondo práticas acadêmicas e condicionando estratégias culturais a uma concepção de “excelência” que mais atende a aspirações de uma “ciência universal” do que às demandas nacionais e manifestações locais. Se o Qualis afeta a todos nós, porque não provoca uma mobilização acadêmica? Porque a imensa maioria dos docentes não participa desses debates que só acontecem no âmbito dos programas?

            Nessa proposta de pinga-fogo eu gostaria de elaborar junto com vocês essa percepção de que o Qualis não é simplesmente um instrumento de “avaliação de periódicos”. Ele age institucionalizando uma política acadêmica, afetando os cotidianos docentes e discentes, determinando imposições de formas diferentes nas diversas áreas e impossibilidades de acesso ao conhecimento por parte da sociedade.

            Proponho descentralizar a discussão do âmbito dos programas de pós-graduação para dar visibilidade a seus efeitos: ressaltar aquilo que é percebido por discentes, docentes, e sociedade em seu cotidiano e na produção acadêmico-cultural. Descrever a amplitude da rede por onde se alastram os efeitos dessa política de avaliação: isto é necessário para que se possa esperar da comunidade acadêmica e da sociedade uma atitude crítica e o enfrentamento em defesa da ciência.

 Faíscas desse pinga-fogo:

             Há anos as universidades adotam oficialmente o Qualis nas avaliações individuais, assim como os editores científicos e comitês de assessoramento do CNPq. A CAPES discorda do uso indevido de seu “instrumento de avaliação de periódicos”, mas se exime de qualquer responsabilidade: “Qualquer outro uso fora do âmbito de avaliação dos programas de pós-graduação não é de responsabilidade da CAPES”. Não mesmo????

            Se os instrumentos de avaliação da CAPES extrapolam o âmbito da pós-graduação espalhando-se pelo sistema acadêmico como um todo instituindo práticas que ignoram as multiplicidades acadêmicas e reforçam o primado da pesquisa na produção de conhecimento sob o viés estipulado pela própria CAPES;

            Se privam a sociedade do acesso ao conhecimento porque privilegiam o inglês que não é compreendido pela imensa maioria de brasileiros, mesmo na própria comunidade acadêmica;

            Se, além disso, fortalecem o lucrativo esquema internacional de publicações científicas ao povoar os estratos mais altos do Qualis com revistas que asseguram às grandes editoras internacionais, como Elsevier, o alto faturamento sobre o acesso proprietário ao conhecimento científico;

            Ainda mais, se sufocam as iniciativas de fortalecer a circulação das revistas científicas que reconhecem a produção local de conhecimento, valorizam e incentivam a multiplicidade de expressões locais, a diversidade cultural, as manifestações identitárias e dentre outras demandas;

            Diante de tudo isso, diante dos novos cenários que se aproximam com os novos critérios da CAPES, quais seriam nossas possibilidades de ação em defesa da nossa ciência?

 

2.2) Maria do Socorro (via Marcos Fialho): Pedagogia do amor X pedagogia da opressão

            UFRJ abre sindicância para apurar possível fraude em prova do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza:

 https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/09/29/ufrj-abre-sindicancia-para-apurar-possivel-fraude-em-prova-do-centro-de-ciencias-matematicas-e-da-natureza.ghtml

             As disciplinas de Cálculo e Física são ministradas em um ciclo comum a diversos cursos. Atingindo milhares de alunos e dezenas de professores e monitores todo semestre. É um gargalo, o índice de reprovação é alto. Um aparato de guerra é preparado para a semana de provas.

            Em tempos de pandemia, as aulas foram para o mundo virtual e as provas também.

            Comparar a instituição universitária a um amálgama entre as instituições religiosas e militares que copia sua estrutura de poder já foi realizado;

            A provocação vai no sentido de pensar uma outra pedagogia, não baseadas em Estruturas de Poder e em Vigiar e Punir, mas em uma Pedagogia do Amor.

            Em DEYRA, Michel. Direito Internacional, temos “Todo o prisioneiro tem o direito – e sem dúvida o dever – de tentar fugir.”;  (p. 112)

            Tomando a metáfora da Universidade como Instituição militar, quem seriam os alunos?

Bem, atacados eles são, desde que entram até o momento que saem, precisam se defender.

Até o último dia, um “pelotão de fuzilamento” o atacará e ele precisará se defender, se esquivar, vai tomar umas de raspão. Tudo isso para poder ter direito ao seu canudo.

            Talvez o episódio da cola nos meios virtuais, que lembra um vírus de computador, Vigiar e punir. E sempre um passo atrás, uma atitude responsiva. Vigiar e punir. Talvez o problema esteja nesta pedagogia da opressão, da competição.

            Uma outra pedagogia é necessária, uma pedagogia do compartilhar, do colaborar, do amor.

             Maria do Socorro.

 2.3) Ivan da Costa Marques: EXERCITAR a busca de linhas de fuga da barbárie que se aproxima. Uma revisão da historiografia nos diz que não há Europa sem América.


            ¿¿¿ Como, na materialidade, pensar / propor / construir um novo mundo comum a partir do sonho de um novo encontro da Europa (teoria ator-rede, Bruno Latour, Isabele Stengers) com a América (Eduardo Viveiros de Castro, Ailton Krenak, David Kopenawa, Daniel Munduruku e as ancestralidades “ressemantizadas” na diáspora africana, apontadas por Luiz Rufino e Luiz Antonio Simas)???


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